ATA DA SEXAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.5.1991.
Aos vinte e dois dias do mês de maio do ano de mil
novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Quinta Sessão
Ordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella,
Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson,
Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José,
Nereu D’Ávila, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e Wilton Araújo.
Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e solicitou ao Vereador Isaac Ainhorn que procedesse à leitura de
trecho da Bíblia. A seguir, o Senhor Presidente comunicou ao Plenário que não
seria lida a Ata do dia anterior, tendo em vista que os funcionários da Casa
encontravam-se em greve e que por este motivo a Sessão de hoje, também, não
seria taquigrafada. Após, o Vereador Clóvis Brum sugeriu que a mesma fosse
gravada. O Senhor Presidente informou que a mesma já estava sendo gravada desde
o início dos trabalhos, sugerindo uma reunião com os Líderes de Bancadas para a
continuação dos trabalhos. Após a decisão de que a reunião seria no Plenário
juntamente com todos os Vereadores que se encontravam presentes, o Senhor
Presidente respondeu Questões de Ordem referentes à votação do Parecer da
Comissão de Justiça e Redação e a Requerimento do Vereador Clóvis Brum sobre a
denúncia do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, referida no Processo n°
1340/91. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Vieira da Cunha reportou-se à
situação do povo brasileiro com a crise social, política e financeira dos
trabalhadores, manifestando-se favorável à greve geral a ser realizada nos dias
vinte e dois e vinte e três do corrente. E o Vereador Isaac Ainhorn discursou a
respeito das divisões existentes nos movimentos sindicalistas, comentando sobre
a participação da Central Única de Trabalhadores – CUT, na greve geral, com
referências às empresas de transportes coletivos na Capital. Teceu, ainda,
comentários sobre a política adotada pela Prefeitura Municipal de São Paulo com
relação aos funcionários grevistas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu
D’Ávila, manifestando-se a favor da greve geral, lamentou a ausência da Bancada
do PT no Plenário e discorreu a respeito da situação político-salarial dos
trabalhadores brasileiros. O Vereador Clóvis Brum solidarizou-se com o
movimento grevista, dizendo ser este o único instrumento de luta dos
trabalhadores e reportando-se à situação observada nas empresas de transportes
coletivos na Cidade. O Vereador Luiz Braz discorreu sobre o descrédito do povo
brasileiro em relação aos resultados dos chamados movimentos grevistas, uma vez
que não são verificadas mudanças concretas na crise enfrentada pelo País. O
Vereador João Dib disse das conseqüências, para o Brasil, das greves em geral
empreendidas pela classe trabalhadora. E comentou atitude do Senhor Prefeito
Municipal relativamente aos movimentos grevistas no Município. E o Vereador
Omar Ferri, solidarizando-se com a greve geral, falou que o Legislativo
Municipal deveria participar junto com os trabalhadores neste momento de crise,
comentando as reais causas da greve. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador
Antonio Hohlfeldt informou ao Plenário das decisões de reunião da Mesa com
referência aos trabalhos da Sessão Ordinária do dia de hoje, tendo em vista a
greve geral, apoiando a decisão dos Vereadores que decidiram não participar da
Sessão e sim estar ao lado dos trabalhadores nos movimentos grevistas. Em
continuidade, o Vereador Mano José requereu à Mesa que o Senhor Presidente
adotasse as mesmas medidas junto aos Vereadores, que o Executivo Municipal em
relação às faltas no dia de hoje. Após, às quinze horas e trinta e cinco
minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do
que eu, Leão de Medeiros, 1° Secretário, determinei se lavrasse a presente Ata
que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE
(Antonio Hohlfeldt): Estão abertos os
trabalhos da presente Sessão.
Questão de Ordem com o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR
MACHADO: É para um Requerimento. Por informações da
imprensa local, um membro desta Casa teria sido agredido no episódio da greve
geral, o Ver. José Valdir, e as informações que me chegaram são um pouco
desencontradas. Pediria a V. Exª, na condição de Presidente da Casa, e de
integrante do PT, para diligenciar, junto à família do Ver. José Valdir, se ele
está com algum problema de ordem física, ou constrangimento pessoal, para que a
Casa se posicione, já que se trata de um integrante do Poder Legislativo.
O SR. PRESIDENTE: Pois não, posso tomar providências, entrar em contato com a família,
mas a informação da Liderança do PT é de que não havia nada de maior, nada de
registro no Hospital de Pronto Socorro, ou coisa parecida. Mas, de qualquer
maneira, vou providenciar, junto à Direção-Geral, um contato.
Temos o espelho que estava
previsto, rodado anteriormente, não temos o serviço de Taquigrafia, enfim, não
temos uma estrutura mínima, conforme havíamos apelado que as diretorias
estivessem aí, a Drª Ilse aqui está, queríamos suspender os trabalhos por cinco
minutos, reunindo as Lideranças, para discutirmos se vamos, ou não, realizar a
Sessão em sua plenitude, como vamos resolver o problema da Taquigrafia, dos
registros. Gostaríamos de discutir isso, na Sala da Presidência, para até às
14h15min, horário em que teríamos uma segunda chamada, resolver a questão.
Questão de Ordem com o Ver. Isaac
Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN
(Questão de Ordem): É para saber qual a orientação da Mesa Diretora
dos trabalhos em relação ao exame, por parte deste Plenário, da Questão de
Ordem formulada pelo Ver. Dilamar Machado, em Sessões anteriores, que teve a
manifestação da Comissão de Justiça no dia de ontem. Qual a orientação?
O SR. PRESIDENTE: Já havia comunicado extra-oficialmente ao Ver. Nereu, hoje, pela manhã,
na reunião de Lideranças, que distribuiremos a matéria para a decisão na
sexta-feira, pois não houve condições de rodar a matéria, não houve um encaminhamento
no sentido de fazer cópias de todo o material. Tentaremos distribuir hoje, na
medida em que tenhamos a participação dos funcionários, hoje, ou amanhã, ou, na
pior das hipóteses, na primeira hora da sexta-feira rodaríamos a matéria e
distribuiríamos. Vamos colocar na Pauta de sexta-feira. É uma decisão desta
Presidência, independente de qualquer situação. Mesmo que não possamos rodar a
matéria, ela estará na discussão da sexta-feira, e o Plenário é soberano para
saber se decidirá de imediato, ou aguardará a possibilidade técnica da
reprodução do material.
Questão de Ordem com o Ver.
Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM
(Questão de Ordem): Solicito a V. Exª a inclusão, no dia da apreciação
desta Questão de Ordem, no dia em que a Casa apreciar o Parecer da Comissão de
Justiça, que seja incluído na Ordem do Dia o Requerimento deste Vereador que
solicita a convocação do Sr. Prefeito Municipal.
O SR. PRESIDENTE: A inclusão é automática, porque formou um processo único que está nos
autos daquele mesmo processo.
O SR. VIEIRA DA CUNHA
(Questão de Ordem): Entendo que a preocupação de V. Exª é procedente
no que diz respeito à Ordem do Dia, na medida em que a ausência dos serviços
taquigráficos pode comprometer os trabalhos. Temos ainda, antes da Ordem do
Dia, o período do Grande Expediente, mas como estamos no primeiro dia de um
movimento nacional, entendo importante que a Casa abra espaço aos Vereadores,
às Bancadas, a fim de que se pronunciem a respeito da greve geral que está
transcorrendo no País. Solicitaria, então, que esta reunião ocorresse, após o
período do Grande Expediente, e após deliberação, para que as Bancadas que
assim o desejarem, se manifestarem sobre o movimento nacional. É o meu
Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não está encerrando a Sessão, apenas suspendendo para ouvir as
Lideranças sobre o que vai ser feito.
O SR. CLÓVIS BRUM
(Questão de Ordem): Considerando que temos aqui cinco Lideranças, quem
sabe poderíamos trocar as idéias em Questão de Ordem.
O SR. PRESIDENTE: Pela transparência que a Mesa assumiu, desde o primeiro dia, não temos
nada a opor, apenas não tem sido tradição essa discussão aberta no Plenário,
mas se os Vereadores Dib, Nereu, Wilson Santos, não apresentarem nenhum óbice,
evidentemente, que também não terei, senão ouvir os Senhores Líderes e cumprir
aquilo que as Lideranças encaminharem.
O SR. NEREU D’ ÁVILA: Vejo com procedência a Questão de Ordem do nobre Vereador, porque essa
solução de continuidade talvez arrefeça a Sessão, então, sou, desde logo, a
favor da manutenção da Sessão, em não interromper os trabalhos, e sugiro,
incorporado às primeiras duas proposições, que se o problema da Taquigrafia
criar óbices, sou pela gravação dos trabalhos, sendo apanhado posteriormente.
Sou pelo prosseguimento da Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Consulto se temos funcionários na área da gravação para fazer este
trabalho...
(Espaço sem nada gravado.)
O SR. PRESIDENTE: Está previsto no espelho a leitura da 64ª Sessão Ordinária, mas ela não
foi distribuída, tendo em vista o movimento de hoje, e não temos “quorum” para
a votação da 63ª Sessão Ordinária.
Não existem proposições
apresentadas à Mesa.
Passamos ao
O Ver. Ervino Besson cede seu
tempo ao Ver. Vieira da Cunha.
Alerto aos Srs. Vereadores que
não temos relógio de controle, pedindo a colaboração no tempo.
O SR. VIEIRA DA
CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não poderíamos
deixar de comparecer a esta tribuna para manifestar a nossa solidariedade e
integral e incondicional apoio aos trabalhadores que nacionalmente se mobilizam
para protestar contra a política econômica do Governo Federal que vem impondo
sacrifícios insustentáveis à grande maioria da população brasileira. Um governo
que se elegeu com a esperança da massa trabalhadora, iludida por um discurso
demagógico que prometia resgatar a dignidade daqueles que foram chamados de
“descamisados”, pelo então candidato à Presidência da República, Collor de
Mello.
Depois de um ano e dois meses de
governo, depois de intervenções profundas na economia deste País, os resultados
estão aí, diante dos olhos de todos os brasileiros, resultados que podem ser
caracterizados como catastróficos, tanto é que a equipe econômica, que elaborou
o plano de governo do atual Presidente da República, e que colocou em prática o
plano, acaba de ser substituída no poder. Mostrou, portanto, o Sr. Presidente
Collor de Mello o seu fracasso nesta área, fracasso que teve reflexos
insustentáveis para a grande maioria da população brasileira.
A classe média empobreceu como
nunca nestes quinze meses de Governo Collor de Mello, e os pobres se tornaram
miseráveis, o aumento da miséria foi evidente neste período, e não restava
outra alternativa aos trabalhadores deste País, se não a de unir as suas vozes,
se não a de dar as suas mãos, – CUT, CGT, Federações, Sindicatos – das mais
variadas correntes políticas e de identidades ideológicas, estão unidos a
denunciar à Nação a política recessiva e que não condiz com os interesses dos
trabalhos que lhes é imposta pelo Governo Federal. E o pior de tudo é que não
vislumbramos melhores horizontes dentro deste Governo. As recentes mudanças
ocorridas na equipe econômica foram muito mais de nomes do que de concepções,
do que de métodos, no combate à inflação, recessão e desemprego.
Temos, repito, mudanças de nomes,
mas não temos motivos pelos quais nós possamos ter qualquer tipo de esperança
na mudança deste quadro tão desfavorável à grande maioria, que é a massa
trabalhadora deste País. Há algumas manifestações de setores da nossa sociedade
que entendem que esse movimento deve ser criticado, porque não teria maiores
conseqüências. Nós do PDT julgamos que a greve é um direito legítimo da classe
trabalhadora, é a forma que os trabalhadores, desesperados, têm de demonstrar
ao Governo, e às elites, as suas condições insustentáveis; é tido como último
recurso da classe trabalhadora, e nós vivemos um quadro tão grave, tão difícil
que as condições para este movimento se apresentam aos trabalhadores deste
País.
Quero, portanto, neste momento,
com absoluta convicção, de que represento aqui o pensamento do meu Partido, e
da minha Bancada, deixar registrada, neste primeiro dia de greve geral, a nossa
posição de apoio e de integral solidariedade a esta greve geral que vem sendo
executada hoje e prossegue amanhã. E a certeza de que o PDT estará sempre ao
lado dos interesses dos trabalhadores pela mudança radical da política
econômica do Governo, a fim de que possamos ter, neste País, uma política de
desenvolvimento que dê um salário justo aos trabalhadores, lhes dê condições
dignas de trabalho, e que recoloque esta Nação nos trilhos do verdadeiro
desenvolvimento nacionalista e de acordo com os interesses da maioria da
população brasileira, contemplando sempre a justiça social. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, Ver. Gert Schinke. Ausente. Ver. Giovani Gregol. Ausente.
Ver. Isaac Ainhorn. V. Exª está com a palavra.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o País vive, hoje, uma tentativa de um
dia nacional de greve, o que, como disse, de forma muito correta, o Vereador
que me antecedeu, Vieira da Cunha, o direito à greve é legítimo, constitucional
da classe trabalhadora.
Infelizmente, o que tememos é a
repetição de fatos muito semelhantes àqueles que viveu o movimento sindical no
período anterior a 1964; o que observamos é uma profunda divisão no movimento
sindical, e dentro da própria CUT que não tinha uma posição unitária em relação
à greve nacional. Tanto isso é verdade que hoje, na grande região da classe
trabalhadora deste País, o ABC Paulista, as indústrias automobilísticas, onde a
força da CUT é poderosa, os trabalhadores do ABC Paulista, conforme informam os
noticiários da primeira hora da tarde, a greve não prosperou naquela região.
Entendo que essas divisões
existentes no movimento sindical são extremamente prejudiciais, embora
reconheça o direito legítimo da classe trabalhadora em usar, não só o
expediente da greve econômica, daquela greve que se faz pelas melhorias das
condições salariais, mas uma greve de maior alcance, como é esta greve, que é
de natureza política, contra o Governo Collor, contra a política econômica do
Governo, reconheço a legitimidade, mas, infelizmente, não podemos ignorar que o
movimento sindical não estava suficientemente amadurecido para a realização da
greve. Tanto isso é verdade, que a greve só prospera e vinga, não pela
consciência da classe trabalhadora, que é fundamental para o exercício do
direito de greve, só vinga se os ônibus não estiveram nas paradas para levarem
os trabalhadores as suas fábricas e aos seus locais de trabalho. Exatamente é
isso que me preocupa, é a greve forçada, é aquela greve que se os ônibus não se
engajarem, se os trabalhadores do transporte coletivo não se engajarem na
greve, a greve está irremediavelmente fadada ao fracasso.
Eu observo que, aqui, na nossa
cidade de Porto Alegre, exatamente a greve funcionou, em 30%, não em função da
consciência da classe trabalhadora em se colocar contra a política econômica do
Governo Collor, mas ela está prosperando na medida em que os ônibus não estão
funcionando, circulando. Na medida em que eu observo que os ônibus da CARRIS, e
os ônibus da Sopal não estão circulando na rua, em função de quê? Em função de
uma política oficialista que dá sustentação à greve. Uma greve deve nascer de
baixo para cima e não de cima para baixo. É a repetição desses erros, no
nascimento de manifestação dos trabalhadores de cima para baixo, geram aquele
castelo de cartas que não deu sustentação necessária para que o Governo João
Goulart promovesse as inadiáveis reformas de base que continuam na ordem do dia
na vida do nosso País.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Isaac
Ainhorn, o Prefeito Olívio Dutra sabe muito bem fazer greves e por isso que a
CARRIS e a Sopal não saíram, mas o resto do transporte saiu na rua e a
Secretaria dos Transportes está desservindo à população informando que 90% está
paralisado. O que não é verdade. A Secretaria dos Transportes tinha que cuidar
que a CARRIS pusesse seus ônibus nas ruas como os empresários fizeram. Agora, a
CARRIS tem o direito de vir mais tarde, aqui, pedir mais verbas, porque não tem
o suficiente para se auto-administrar. Eu acho que nós devemos lembrar, no
momento, que ela não precisa transportar porque ela pode ficar parada lá,
porque nós vamos colocar suplementação de verba para eles.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu ainda ouvia, hoje, pela manhã, o próprio Secretário dos Transportes
em entrevista que dizia que na condição de poder público, embora reconhecesse
legítimo o direito de greve, na condição de poder público eles tinham que
colocar os ônibus na rua. A greve não seria uma greve oficialista com respaldo
do poder público, mas curiosamente o que observamos, exatamente, é que as duas
empresas que estão sob o poder do controle público da cidade de Porto Alegre, a
CARRIS e a Sopal, exatamente, as empresas que curiosamente não tiveram seus
ônibus na rua. Oxalá, esse fato se deva mais, eu faria votos que esse fato se
desse pela consciência dos trabalhadores da CARRIS e da Sopal do que pela
intervenção do poder público oficialista na greve, ao que sempre o poder
público repudia e contesta. Ainda, hoje, pela manhã, dizia o Secretário dos
Transportes que a greve não poderia ter o respaldo do oficialismo.
De outro lado, Sr. Presidente, o
que se observou, hoje, na Cidade, e vejam V. Exas, que é o que nos
preocupa muito, é que a sustentação da greve está radicada na presença ou não
do sistema do transporte coletivo nas ruas de Porto Alegre. Então, onde é que
se deram os impasses em termos de greve?
E os conflitos, onde é que se
deram? Entre a Brigada e os companheiros trabalhadores e os companheiros da CUT
na frente da Empresa Sentinela, onde os trabalhadores queriam sair com os
ônibus e um piquete impedia e o conflito ali se estabelecia, igualmente em
frente à Empresa Sudeste onde pelas 11 horas da manhã houve um enfrentamento
muito grave com a Brigada Militar respondendo às pedradas com gás lacrimogêneo.
Aliás, eu lamento profundamente esse conflito e esse confronto, porque a Brigada
Militar estava lá com o objetivo de garantir o direito ao trabalho daqueles que
quisessem trabalhar. Então, o que se observa, e parece que é o mesmo que
aconteceu em frente à Empresa NORTRAN. Porto Alegre só teve, observa-se, um
êxito maior nesta greve, na medida em que o sistema do metrô paralisou
completamente.
Então é isso que eu lamento, é a
falta do preparo, a falta do amadurecimento para o exercício do direito de
greve e de uma greve que foi mal preparada e que foi mal instrumentalizada.
O Sr. Leão de
Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Isaac Ainhorn, agradeço a oportunidade desse aparte para reiterar
que a Bancada do PT, inclusive a sua Liderança, estão desonrando o mandato que
detêm porque são pagos pelo povo de Porto Alegre e deveriam estar aqui para
responder a todas essas indagações que a comunidade de Porto Alegre está a
cobrar. Porque a Administração Popular, através da Secretaria Municipal dos
Transportes impede a CARRIS de vir arriscar? Como também arrisca, como entidade
privada que é a Sopal que está sob sua intervenção? Os demais empresários
permissionários do transporte coletivo estão arriscando, sim, o seu patrimônio
e enfrentando os piquetes com o apoio da Brigada Militar para dar à população o
transporte que ela merece. Essa explicação infelizmente está no vazio pela
ausência e pela falta de compromisso que a Bancada do PT tem com esta Casa e
com os cidadãos da Cidade, em se ausentarem intencionalmente, desonrando o
salário que recebem como Vereadores da Cidade.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu gostaria de saber também, Ver. Leão de Medeiros, se o critério do
Prefeito Olívio Dutra será o mesmo da Prefeita Erundina em relação à Sopal e à
CARRIS? A Srª Erundina, Prefeita da cidade de São Paulo, Ver. Clóvis Brum, ela
apoiou a greve, mas cortará o ponto dos grevistas. Eu gostaria de saber,
exatamente, qual o procedimento e qual o critério que adotará a Administração
Popular, infelizmente, Administração autodenominada Popular. Infelizmente,
porque nós observamos exatamente é que, como observou há pouco o Ver. Leão de
Medeiros, é a ausência completa do Partido dos Trabalhadores, aqui, neste
Plenário. E, reitero, se temos, neste momento, a figura do Ver. Antonio
Hohlfeldt, como Presidente da Câmara de Vereadores e, lamentamos, exatamente,
porque essa é a hora do debate político, essa é a hora do questionamento,
inclusive da discussão sobre a própria greve e as explicações do ponto de vista
da administração da Cidade em relação à greve.
E, uma outra questão que se torna
prioritária e que infelizmente os companheiros do PT têm fugido à discussão
aqui nesta Casa que é a questão dos municipários e da greve dos municipários
que se arrasta por quase dez dias sem solução.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
deixo aqui, exatamente, como contribuição maior a esse debate, a essa
discussão, que a Casa, hoje, aberta, porque aqui é um Parlamento, é o
Parlamento da cidade de Porto Alegre. E o Parlamento da cidade de Porto Alegre
não pode ficar alheio aos acontecimentos que ocorrem em nossa Cidade, no nosso
País. Por isso, a Câmara de Vereadores encontra-se aberta para debater e para
refletir, também, sobre o sentido da greve. Se pessoalmente tenho uma posição
de apoio ao direito e ao exercício do direito de greve observo que esse tipo de
greve onde há uma profunda divisão no movimento sindical, no despreparo de
setores trabalhadores para assumir esta greve é que eu me questiono se não
estaremos, de repente, repetindo, em termos da estrutura da história, do
movimento sindical os mesmos erros que foram cometidos de 1962 a 1964 neste
País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunicação de Líder com o PDT, Ver. Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU D’ ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero declarar que
a Bancada do PDT não se manifestou ontem a respeito da greve de hoje, por
absoluto constrangimento que houve em relação à presença, nesta Casa, do
Diretor do Departamento de Esgotos Pluviais e diretores de uma empresa privada,
que já compunham a Mesa e, portanto, para tratar de outros assuntos inibiram-se
as Lideranças, à exceção do PT de se pronunciarem.
Então, que fique claro para os
Anais que não foi omissão do PDT, mas apenas um constrangimento já superado.
Então, hoje, a Bancada quer filiar-se claramente às determinações do Partido,
no sentido do apoiamento aos trabalhadores no seu desiderato de que os dias de
hoje e amanhã se constituam em greve geral.
De qualquer modo, analisando-se
não o processo da greve, que é uma questão à parte, nós temos que nos fixar na
questão política da greve. Pode-se discutir as nuances, a oportunidade, o
clima, tudo isso se pode discutir. Mas não se pode negar que politicamente a
que se mostrar, ou, pelo menos, tentar se mostrar que há uma inconformidade com
a dicotomia entre os preços e os salários. Hoje mesmo estão aí as manchetes do
aumento de leite, que é fundamental, que é de primeiríssima necessidade. E os
salários? Continuam rigorosamente congelados. Então, este descompasso tem que
ser protestado. E não há outra forma num País que está engolfado nesta crise se
não, parar para pensar. Os trabalhadores tentam que o País pare para pensar. Se
parou ou não é outra questão. A questão é que sem nada a fazer, sem protesto é
como uma manada, é como um conjunto de disforme, que não pensa, que não
protesta, que nada faz. A política salarial, embora os esforços dos Deputados,
inclusive do PDT, Deputado Amauri Müller na Câmara, e do PT, Deputado Paulo
Paim, a política salarial foi para as calendas gregas. Não se estabelece política
salarial nenhuma; embarga-se qualquer tentativa no plenário do Congresso, para
política salarial. Agora basta a mudança de um Ministro da Economia por outro,
para, na calada da noite, aumentar o suspense. Então, os trabalhadores têm
razão em, pelo menos, mostrar que existem, que são pessoas que não suportam
mais esta situação.
Eu me fixo politicamente, e um
Partido de perfil de esquerda como o PDT não se pode omitir claramente em favor
da greve e dos trabalhadores. Agora não se confunda isto com nuances demagógicas,
como a Bancada do PT nesta Casa, nesta omissão inominável, pelo menos da sua
Liderança. Porque quem ganha do bolso do povo, como os parlamentares, não se
pode esconder sob o manto de uma greve para não vir aqui pelo menos discutir a
situação dos trabalhadores posicionados. É lamentável a posição do Partido dos
Trabalhadores. Naturalmente, querendo ser coerente com a greve, está apenas se
omitindo gravemente, porque Parlamento não é fábrica, Parlamento é de
representatividade política, e temos que fazer jus, até para dar apoio aos
trabalhadores. Temos que estar presentes. Não podemos nos omitir nesta hora.
Concluo, lamentando este
posicionamento, no meu entendimento, com a continuidade do infantilismo
político do PT, com a visão de esguelha, uma visão disforme da realidade, que
está em nosso redor. Essa era a palavra da Bancada do Partido Democrático
Trabalhista. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Clóvis Brum, pelo PMDB, em Comunicação de Líder.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PMDB transmite a sua solidariedade
ao movimento grevista, porque os trabalhadores não têm uma outra alternativa,
outra arma, outro meio de lutar na busca das suas necessidades básicas, se não
através de um instrumento democrático que é a greve. Evidentemente, que diriam
que uma greve acarreta bilhões em termos de prejuízos. Mas seja o prejuízo de
onde for, quem absorve estes prejuízos sempre foi a classe trabalhadora. Quem
vai pagar a festa do escândalo da Previdência Social é o trabalhador.
Rigorosamente é o trabalhador. É ele que, pela falta de atendimento médico e
pela falta de internação aos seus familiares, que pela falta de uma remuneração
mais justa às suas aposentadorias, estão pagando todo este escândalo da
Previdência.
Por isso, a greve, Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, é um instrumento único para despertar a consciência política
da Nação. Para chamar atenção dos governantes maiores de que as coisas estão
rigorosamente muito mal para o trabalhador. E, por isso, não vemos na greve
alguma coisa que vá destruir, mas alguma coisa que vai marcar decisivamente. Eu
dizia que a greve marca, assinala um
chamamento, para que o Governo Federal, Governos Estaduais e Municipais pensem
na dramática situação em que vive o trabalhador brasileiro. Por isso, a nossa
solidariedade à greve que se realiza em todo o País, com algumas dificuldades
em alguns setores.
Agora, evidentemente, registrando
que a Câmara está hoje funcionando normalmente, estamos aqui em Plenário, nesta
reunião, registrando os prós e os contras pelos diferentes pronunciamentos que
se fazem sentir na tribuna do movimento grevista. Estranhamos profundamente a
ausência dos representantes do PT na Casa. Efetivamente, à exceção do
Presidente da Casa, a Bancada do PT toda não compareceu. E evidentemente que o
Ver. Antonio Hohlfeldt se reveste de uma outra figura. Ele é o Presidente do
Legislativo da Cidade e seria muito difícil que ele também fosse grevista nesta
oportunidade, porque o Poder Legislativo, que é o poder político da Cidade, não
poderia silenciar, num momento de gravidade, sim, porque uma greve sempre tem
as suas conseqüências. De gravidade e de posicionamento. Hoje o que se vê aqui
são as posições claras de diferentes representantes da comunidade. Estranho a
ausência do Partido dos Trabalhadores. Estranho profundamente. Acho que lugar
de Vereador, no horário de Sessão, é aqui, nesta tribuna, neste local e nesta
hora.
Fora disso não vejo, Sr.
Presidente, lamento mesmo a ausência destes Vereadores, e lamento também que
exatamente a Sopal e a CARRIS não tenham conseguido colocar os seus ônibus na
rua, e as outras empresas tenham colocado ônibus na rua. Uma coisa é
importante: não podemos esquecer que a população de Porto Alegre, setores da população,
necessita de transporte coletivo. E estranhamos que as duas empresas, sob o
comando do PT, não estejam operando partes, dois ou três, ou dez carros da sua
grande frota. Isto também é um registro que lamentamos. Só espero que o
Prefeito não esteja panfletando na frente de alguma fábrica, no horário de
trabalho. É só isso que eu espero. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em Comunicação de Líder, pela ordem, Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ninguém pode negar, porque salta às
vistas de todo mundo, que o povo está inconformado, desgostoso, desesperançado,
desencantado. Mas, hoje, nós que percorremos esta Cidade pela manhã; logo de
manhã, eu ia até a Zona Norte, lá nas Tintas Renner, onde eu dava carona para
uma pessoa que queria trabalhar, eu notava que a população não tinha aderido à
greve. A greve de fato era um instrumento que algumas pessoas vinculadas ao
movimento sindical da Cidade buscavam. Era um movimento que algumas pessoas
queriam fazer de qualquer maneira que fosse vitorioso, mas a população não
estava acreditando neste movimento. E a gente notava que as pessoas queriam ir
trabalhar, a gente notava que as pessoas, de uma forma ou de outra, buscavam o
seu trabalho. E fizemos então com isso, Ver. Elói, uma constatação que eu
acredito que seja para este momento que nós vivemos. O povo não acredita mais
no mecanismo das greves para buscar a mudança do status quo. O povo não
acredita mais porque terminam as chamadas greves gerais, e, absolutamente, nada
muda. O salário não muda, as condições de trabalho não mudam, a situação do
povo não muda. A elite continua cada vez mais elite, e o povo continua cada vez
mais depauperado. E as greves gerais são na realidade utilizadas ou para
descanso do trabalhador ou para que o trabalhador possa dar uma esticada a
mais; desta vez resolveram fazer a greve geral fora do final de semana para não
dar aquele feriadão, porque, se fizesse a greve geral no final de semana, iria
dar aquilo que nós chamamos de feriadão, a esticada de todos os trabalhadores,
aquelas pessoas que podem sair. Então, na verdade, o que estão precisando os
nossos sindicalistas é de criatividade.
A greve, só a greve já não está
empolgando mais a nossa população. Hoje eu ouvia de uma pessoa, que eu acredito
ser bastante competente dentro desta área, sobre esse terreno de criatividade
dizendo assim: “O necessário, o que o povo está esperando é uma atitude
prática. É alguma coisa como assim: com esse dinheirão que foi gasto nos meios
de comunicação para chamamento, deveriam ir a Brasília fazer um cerco ao
Congresso e exigir dos Srs. Deputados leis que pudessem devolver para o
trabalhador o seu real direito de sobrevivência digna”. Essa seria uma atitude
prática. Ia dar pauleira, ia dar enfrentamento? Claro que sim, mas com todo o
dinheiro que se gastou em todo o Brasil nos meios de comunicação: em televisão,
em rádio, nos jornais para o chamamento às greves com a mobilização de todos
esses militantes de CUT, de CGT e de outras centrais também de menor
importância, tenho certeza absoluta que conseguiria fazer uma mobilização em
Brasília de grande importância.
Ouvi agora o Repórter da Rádio
Gaúcha, o que nós tivemos em Brasília, que é o centro nervoso desse País, foi a
manifestação de duzentas pessoas que saíram pelas ruas da Cidade e que dava a
impressão para aqueles que estavam lá em Brasília de que hoje nós estamos
vivendo um dia de greve geral. O resto todo em Brasília funciona normalmente,
mas lá estão as pessoas que decidem. É lá que tem que se instalar o movimento,
porque lá estão os homens responsáveis por fazer as leis e que são capazes de
mudar esse País. Mas, infelizmente, eu acredito que esta atitude ou outras não
passem pela cabeça dos nossos líderes sindicais, porque é exatamente isso que
nós estamos precisando; é de criatividade, porque de decretar greve, fazer
greve parece que o nosso povo já está cheio, parece que o nosso povo não
acredita mais. Tanto é que esta greve geral não recebeu a adesão do povo. O
povo, pelo que eu vi e pelo que eu consegui sentir nesta Cidade hoje, não está
participando desta greve. E, se participa dessa greve, está sendo obrigado a
participar. Participa da greve, porque não tem ônibus para levá-lo até o seu
local de trabalho. Participa da greve, porque não tem a mínima condição de
chegar até onde ele precisa para ir trabalhar, porque o resto, de espírito, de
alma ele não está participando, infelizmente. Está faltando criatividade para o
movimento sindical. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, Ver. João Dib, em Comunicação de Líder pelo PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não se pode dizer que a greve não
atingiu a sua plenitude pelo menos num setor desta Cidade: foi no setor
político quando a Bancada da Frente Popular não é só o PT, o PCB também não
está aí. Porque o povo não está ligado ao que eles estão tentando fazer. Porque
há um Prefeito que não tem partido; Prefeito é Prefeito de todos. Caberia
colocar a sua frota de ônibus nas ruas da Cidade, porque o povo está dizendo à
mal organizada greve que quer trabalhar. Este é o tipo de greve que se entra
com pouco e se sai com menos. Ninguém ganha nesta greve. Não tem solução para
coisa nenhuma. E colocou muito bem o Líder do PTB, dizendo que com o dinheiro
gasto talvez se movimentasse este País de forma muito melhor.
Então nós gastamos muito dinheiro
para fazer uma greve, e penalizamos o País em 1 ou 2 bilhões de dólares nesses
dois dias de tumulto por alguns políticos que não têm nenhuma intenção de acertar.
Eu estou lembrado de que recentemente veio aqui o Dr. Roberto Freire e disse:
“Pouco se me dá se o Plano Collor der certo ou errado”. O que nós precisamos é
acerto, o que nós precisamos são soluções. Eu não posso dizer, como político,
que pouco se me dá se o Plano Collor der certo ou não. Não. Eu quero que o
Collor acerte. E não como político, mas como cidadão, como qualquer um dos aqui
presentes, quero que ele acerte. Nós não queremos que ele erre. E não é fazendo
essa greve que o povo não aderiu. E não é a primeira vez. Há cidades em que
trabalham todos os setores. E se aqui em Porto Alegre não está funcionando tudo
é porque a CARRIS, que vai vir aqui pedir suplementação para as suas verbas,
apoio da Prefeitura, além de todos que ela já recebe, que tem o comando do PCB,
não saiu às ruas, como também não saiu a Sopal, o que nunca aconteceu nas
administrações anteriores. A CARRIS sempre saía na frente até para dar exemplo.
Agora, não. Agora os empresários que se danem, que deixem seus patrimônios a
mercê de alguns que fazem depredações e nem sabem por que e contra o que eles
são. A CARRIS não. A CARRIS fica lá. O Prefeito disse que estamos em greve, mas
para os grevistas da Prefeitura porque não está cumprindo lei. É tão claro.
Talvez o Collor não tenha todas as leis necessárias, mas o Olívio tinha e tem.
Não respondeu nem à Comissão de Justiça, não fez o que tinha que fazer. Tudo
mais fácil, mas hoje pela manhã, na Rádio Guaíba, dizia que a greve é o direito
legítimo, depois vai ver se desconta o ponto ou não, já que a Prefeitura estava
já com seus municipários em greve, agora estava tudo em greve. Até ontem não
tinha nem a metade, mas hoje estava todo mundo em greve.
Então, fica a minha tristeza de
não poder aplaudir o Prefeito que deveria cuidar para que a população tenha
condições espontâneas de se locomover. Se quisessem fazer greve que ficassem em
casa, mas o transporte estava colocado à disposição. Foi o que sempre se fez
nesta Cidade, mas que agora que a municipalidade detém 40% da frota não se faz mais,
porque o Partido do Prefeito – nove Vereadores, com exceção do Presidente –
assim como nesta hora o Prefeito deveria ser Prefeito. O Partido deixou os
lugares vazios sabendo que o povo está a nos fiscalizar se trabalhamos, se os
representamos ou não.
Então, registro a minha tristeza
por não poder aplaudir o Prefeito por ter se portado como tal e porque as
Bancadas do PT e do PCB, estiveram aqui os dois Líderes, um até não entrou no
Plenário, o outro entrou e saiu, mas os dois estão ajudando a fazer uma greve
que o povo não quer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, em Comunicação de Líder, o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, considero que a melhor forma que esta
Casa encontraria para dar solidariedade ao movimento grevista nacional seria
não vir a este Plenário e não fazer esta Sessão. Poderia, a Mesa, inclusive,
até com a presença das Lideranças, estar na Casa apenas para comprovar que o
Poder Legislativo, como tal, não entrou em greve. A minha presença, hoje, nesta
Casa ou neste Plenário, se deve a essa circunstância, isto é, porque faço parte
da Mesa. Não fora isso, faria como fez a Bancada do PT, como fez a Bancada do
PC, porque acho que há um pouquinho de hipocrisia também de nossa parte;
hipocrisia, talvez, pelo fato de nossa presença aqui; hipocrisia, talvez, na
tonalidade de um ou outro discurso proferido desta tribuna.
Ora, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, parece que está caindo o mundo, agora, porque esta greve, teoricamente,
poderia acarretar um prejuízo de 1 a 2 milhões de dólares a este malfadado
País! Mas, de repente, se usa esse pretexto que é o único que o povo tem para
chamar a atenção dos administradores desta Pátria e clamar pela terrível
desagregação moral, ética e social que o Brasil atravessa e enfrenta! Falar
sobre cifrão, numa hora dessas, é hipocrisia! Quem assume esta tribuna esquece
o que houve, nesses últimos vinte ou trinta anos, em matéria da história
espoliativa desta Nação, se esquece que só em contrabando de ouro sai, por ano,
quantia superior a essa greve. Esquecem que o Brasil está negociando e
exportando os seus bens, o produto de suas riquezas e o trabalho de seus homens
com prejuízos para nós. Vou dar um exemplo, porque o exemplo está próximo a nós:
hoje, a indústria coureiro-calçadista é das mais importantes deste Estado e
estamos fabricando sapatos aqui no Vale e em diversos municípios, inclusive da
minha região do Vale do Taquari, que custam de 8 a 12 dólares o par. Estamos
exportando a esse custo, só que esse calçado, vendido nos Estados Unidos,
atinge preço de 40 dólares e quem importa ainda nos obriga a colocar no próprio
calçado o preço da venda do nosso produto. Fomos espoliados, o Presidente da
República, agora invocado pelo PTB, um PTB esmaecido, diferente, desnaturado,
descolorido, sem aquela linha de luta, de autenticidade, esse PTB que hoje não
deu solidariedade integral a esta greve nacional se esquece da Carta-Testamento
de Getúlio Vargas onde ele acusava que as empresas estrangeiras – na época, não
se chamava de empresas multinacionais, tinham um lucro de até 500%. Aí começa
uma fase de espoliação e, de espoliação em espoliação, a invasão do capital
estrangeiro transformou esta Nação numa nação economicamente escrava. E,
enquanto de um lado, as empresas internacionais enriquecem, para que elas
enriqueçam o povo é levado à miséria.
Esse é o fenômeno que ocorre,
hoje, neste País, essa é a causa e a razão da greve. Nenhum outro tipo de
raciocínio, nenhuma outra formulação, por mais sofisticada que seja, pode ter o
efeito de melhor analisar a situação de descalabro econômico-social do Brasil
de hoje. Por essa razão, a minha integral solidariedade ao movimento grevista
nacional. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Ver. Leão de
Medeiros assuma a Presidência dos trabalhos porque pretendo utilizar o tempo de
Presidência.
O SR. PRESIDENTE (Leão de Medeiros): Com a palavra
o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente dos
trabalhos, Srs. Vereadores, eu quero rapidamente separar esta minha intervenção
em duas partes bem distintas. A primeira, para repetir, aqui, o relato das
discussões e decisões desenvolvidas pela Mesa Diretora ontem à tarde e hoje
pela manhã, junto com as Lideranças Partidárias. Ontem, exatamente porque isso
compete à Mesa, nós discutíamos se suspenderíamos ou não os trabalhos da Casa,
e devidamente assessorados pela Auditoria, verificamos que por força do
Regimento Interno não competia à Mesa, em hipótese alguma, a suspensão dos
trabalhos e, sim, ao próprio Plenário ou às Lideranças, motivo pelo qual
fizemos um apelo e fomos atendidos no sentido de que ao menos os quatro
Diretores da Casa, aqueles setores básicos, área de segurança, a guarda
municipal, alguns integrantes do setor de transportes, estivessem aqui, além da
Portaria, para garantir o mínimo quanto à própria integridade física do prédio,
a abertura da Casa e, portanto, o acesso dos Vereadores, inclusive, se fosse o
caso, como de fato ocorreu, ao Plenário. Hoje de manhã essa posição foi
ratificada, inclusive houve formalmente a reunião da Mesa Diretora, como houve
a reunião com as Lideranças para tratar exatamente do cronograma das mudanças
em relação aos gabinetes dos Vereadores e a deliberação, como de fato ocorreu,
posteriormente, da realização da Sessão ainda que em caráter precário.
Portanto, entende esta Presidência, que cumpriu estritamente com aquilo que lhe
cabia, de levantar o problema, ouvir os membros da Mesa, ouvir as Lideranças
Partidárias e cumprir aquilo que o Regimento da Casa determina.
Quero-me referir, agora, na
condição de Vereador petista, dizer que efetivamente àqueles Vereadores que
mencionaram, se eu não tivesse a Presidência da Casa, não estaria aqui e não
estaria mesmo. Sim, Ver. Dib, estou assumindo uma posição clara. Entendo que se
tem que separar as coisas. Enquanto Presidente, a minha obrigação hoje era
estar na Casa, como será minha obrigação estar aqui amanhã, e assim o fiz.
Enquanto Vereador petista, discordo daqueles que criticam o PT pela sua
ausência no Plenário, porque entendo que a variação do meu Partido é de que a
presença dos Vereadores hoje era junto da população, no acompanhamento da
população e é isso que a Liderança Partidária do PT e os demais Vereadores
fizeram. Inclusive, o Ver. Clovis Ilgenfritz esteve presente de manhã, como
membro da Mesa, participou das discussões, fez a sua tarefa e posteriormente
foi cumprir aquilo que foi a deliberação partidária.
Quero dizer, Ver. Dib, que V. Exª
inclusive faz uma injustiça com a Companhia Carris Porto-Alegrense, pois a
CARRIS já está com cerca de dez veículos na rua e faz uma injustiça com a
administração da Companhia Carris, porque há uma tradição da Companhia Carris
na greve e, inclusive, há uma coerência tão grande que o antigo
Diretor-Presidente da CARRIS, hoje Vereador desta Casa, Nelson Castan, está em
greve formal. Está fechado seu gabinete, com um aviso de greve, está ausente
deste Plenário, uniu-se à Bancada do PT nessa movimentação. Há uma coerência, a
CARRIS tem uma tradição de greve. E não faço juízo de valor, apenas anoto uma
verdade que foi mal-observada aqui pelo Ver. João Dib.
O Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Antonio Hohlfeldt, gostaria de
aproveitar para cumprimentá-lo do ponto de vista da impessoalidade no exercício
das funções da Câmara Municipal de Porto Alegre. E, segundo lugar, quero
discordar de V. Exª no que respeita à posição colocada de que se Vereador fosse
e não Presidente da Casa, acompanharia os companheiros e dizer a V. Exª que nós
teremos oportunidade de travar um grande debate sobre esse assunto. Eu entendo
que determinados órgãos têm uma essencialidade em determinadas conjunturas
históricas que não podem se omitir. E seria de se indagar: afinal, os sindicatos,
pelos seus integrantes, no País, estão em greve? Não, absolutamente, não! Estão
em trabalho, em ação. Assim eu entendo as representações parlamentares e
populares. Como os sindicatos estão em ação para levar a bom termo a greve, por
igual as representações populares têm que estar trabalhando para refletir os
anseios da população. Muito obrigado.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Recolho o aparte de
V. Exª e digo que é dessas raras ocasiões em que a sua posição no fundo não
está contrária com a minha ou a do meu Partido. Eu acho que nós temos funções
sociais e políticas, que assumimos papéis sociais e políticos diversos. Eu
poderia dizer que as Bancadas que hoje aqui estão, que os Vereadores que hoje
se dão ao luxo de aqui estarem, porque o PT está lá na rua. Ou posso inverter e
dizer que o PT se dá ao luxo de estar lá na rua porque sabia que hoje teriam
Vereadores aqui. Porque no essencial que V. Exª toca, que esta Casa tinha de
estar aberta, nisso estou de acordo com V. Exª, mas nós estamos tranqüilos, Ver.
Elói, por isso fomos para a rua, como sei que na rua estão dois Deputados do
seu Partido lá da Assembléia, a Deputada Jussara Cony e os Deputados do PT,
porque nós sabemos que mesmo nós estando fora, haverá uma representação
suficiente para a realização da Sessão. Então nós duplicamos a ocupação dos
espaços sociais e políticos cada um nas suas tarefas. Se todos nós estivéssemos
aqui, ou se todos nós estivéssemos lá fora, então sim acho que nós teríamos
deixado lacuna. Mas cada um nas suas funções nós cumprimos os dois setores.
Então, eu acho que V. Exª tem
razão quando diz que esta Casa teria que estar aberta, isso estamos de pleno
acordo. Mas discordo é quando se pretende condenar o PT porque ele não está.
Porque eu acho que cada um está cumprindo às suas funções. E veja V. Exª, nas
demais greves, Vereador, quando eu inclusive não era Presidente desta Casa,
tinha apenas a minha responsabilidade de Vereador, aqui estive. E lembro
inclusive, que na primeira grande greve geral, quando ainda havia uma dificuldade
maior em relação à repressão, eu e o Ver. Adão Eliseu, hoje Secretário de
Segurança, estávamos lá no alto do velho prédio da Prefeitura nova, verificando
a situação toda para vermos onde podíamos colaborar, onde podíamos chegar até
os grupos de piqueteiros e os grupos da Brigada Militar, para fazer mediações.
E aí nós não estávamos no Plenário, estávamos ali fazendo um outro papel, que
era aquele papel de mediações. Então, eu acho que conforme os períodos,
conforme os contextos, mudam os nossos papéis. O que nós não podemos, e aí acho
ninguém levantou o problema e, evidentemente, não pode levantar porque seria
falso, nenhum de nós está ausente do problema. Quer os que estão aqui, quer os
que estão lá fora, estamos todos participando, quer através dos debates,
através da crítica, ou através da discussão, ou através da possibilidade de uma
ação direta dentro do próprio movimento, inclusive fiel à tradição que o
próprio PT tem.
Acho que nós temos que levar em
conta, Ver. Elói, que a maioria dos Vereadores do PT tinha, tem e depois de
serem Vereadores, e continuarão tendo, assim espero pelo menos a Liderança ou a
participação dos sindicatos. Então, eles estão cumprindo esta função de terem
esta militância permanente e não é porque viraram Vereadores é que deixarão de
tê-la. Acho que não há confronto nas duas posições, temos talvez visões um
pouco diferentes, perspectivas diferentes, mas acho que as duas somam e nos dão
a possibilidade de que nós, Legisladores, Vereadores da Cidade, que estão
participando do movimento, inclusive aqueles que têm posição contrária ao
próprio movimento da greve.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador-Presidente, V. Exª não desconhece que
eu fui Secretário de Transportes por duas vezes e fui Prefeito e fiz muitas
madrugadas lá na CARRIS, exatamente, porque eu não concordo com essa tradição
de greve. E por falar em greve, a greve de 1983, quando V. Exª e o Ver. Adão
Eliseu olhavam dos altos da Prefeitura no Edifício José Montauri, eu às 4h30min
estava na CARRIS e posso afirmar que os ônibus, às 8 horas, estavam
funcionando...
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: É uma visão
diferente, Vereador, V. Exª atuava coercitivamente contra a greve, nós
preferimos atuar de uma outra maneira. A diferença, me parece, que é esta, V.
Exª integrou um período, nós estamos num outro período. V. Exª chamava a
Brigada para colocar os ônibus nas ruas, nós não chamamos a Brigada. Essa é a
diferença, Vereador, que eu queria registrar também para o Ver. Isaac Ainhorn
que fez a sua presença discursiva e se retirou do Plenário. Por quê? Porque a
diferença entre a Sopal e a CARRIS – essa é uma tradição que também o Ver.
Nelson Castan criou lá na CARRIS ele não chamava a Brigada para bater em
grevista, em piqueteiro e abrir caminho na base da porrada e colocar ônibus na
rua. Jamais vi uma acusação contra o Ver. Nelson Castan nisso, como não se verá
contra a Diretora da CARRIS ou contra o companheiro Paulo Cruz, responsável
pela Sopal. Em compensação, na frente da SUDESTE, na frente da NORTRAN o que
nós tivemos? A Brigada Militar batendo e daí, Ver. Elói Guimarães, uma
preocupação, de que não deveria haver choque, deveria haver sempre a tentativa
do diálogo. Eu pergunto: até que ponto o Governador foi obedecido? Até que
ponto o Secretário de Segurança foi obedecido ou não? Isso é uma coisa que o
Governador vai resolver, isso é uma coisa que o Secretário de Segurança vai ter
que resolver amanhã ou depois com seu comando da Brigada, mas eu ouvi isso e
não tenho por que duvidar do Governador, porque sempre ouvi do Governador com
todas as nossas eventuais disputas, brigas, divergências, uma posição política
muito clara em relação a essas coisas, até por toda a sua militância, que é o
que nos aproxima inclusive enquanto Partido.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Lembrando a greve de 1983 quero lembrar a V. Exª que
saiu do Plenário uma delegação oficial da Casa: Ver. Sadi Schwerdt, este
Vereador e, não lembro bem, me parece que o Ver. Hermes Dutra, fomos até o
Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e depois até o Sindicato dos
Rodoviários, ali na Venâncio Aires. Foi numa dessas greves, eu não preciso
exatamente a época, nós vimos a Plenário, a Casa estava reunida e nós saímos
numa delegação oficial designada pela Mesa para contatar com esses comandos de
greves e depois, aliás, acompanhamos esses comandos de greve. Era uma
reivindicação, que eu não lembro que área era na Delegacia Regional do
Trabalho.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Vereador,
acho o trabalho de V. Exª ratifica exatamente essa posição nossa. Acho que
conforme o período, conforme as greves, conforme os contextos, mudaram as
nossas funções. Isso eu quero que fique registrado para que não se cometa uma
injustiça com relação aos companheiros do Partido dos
Trabalhadores.
Quanto à preocupação levantada
pelo Ver. João Dib, a perda de 1 bilhão de dólares perdidos hoje. Muito bem,
Vereador: quantos bilhões de dólares já se roubaram neste País e dos
trabalhadores deste País, através dos crimes do colarinho branco durante a
Ditadura, no Governo Sarney e no Governo Collor? Quem fez perder mais ao
trabalhador: um dia ou dois de greve ou todos esses anos de impunidade? Uma
coisa não justifica a outra, sem dúvida alguma, Ver. João Dib. Mas veja, não
vamos criar um escarcéu em relação ao movimento reivindicatório, inclusive me
parece que traz à tona uma contradição que pessoalmente não consigo entender.
Os empresários deste País, as
federações deste País, criticam o Presidente da República, não apóiam as
medidas, fazem retabelamento por fora, aumentam os preços de produtos à
vontade, agora na hora de se juntarem para se fazer um movimento nacional, para
se fazer toda uma pressão conjunta para mudar a linha de governo, aí eles ficam
produzindo, entre aspas, e resolvem manter a posição, entre aspas, de
legitimidade, de legalidade e preferem não lutar. Depois, vão lá fazer o quê?
Seus acertos, seus conchavos, suas visitas ao Palácio, essa é a diferença. É
que movimento de trabalhador não faz nem arreglo, nem conchavo, movimento de
trabalhador tem que enfrentar as coisas de peito aberto, tem que apanhar de cassetete. Esta é a história do movimento. E eu
gostaria de lembrar o 1º de Maio e seu nascimento. Agora, empresário depois
passa a ser visita a Palácio e quebra o seu galho, têm as câmaras setoriais,
salários não aumentaram, mas hoje aumentaram dezessete produtos por decisão do
Ministro da Economia.
Essas são as questões que eu acho
que têm que ser registradas em defesa, eu não diria exatamente do meu Partido
que se defende por si próprio, mas em defesa das posições que temos assumido e
com as quais - quero deixar claro - eu me identifico, plenamente. E se hoje não
estou participando é porque na minha função de Presidente, repito, senti que
deveria estar aqui para presidir a Casa e para participar, exatamente, desta
discussão.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador-Presidente, me permite dizer a V. Exª que
concordo em parte com seu pronunciamento, acho que a sociedade brasileira, a
cidadania brasileira, tem que se manifestar que este País não vai bem, porque
se o barco afundar nós afundamos juntos. Eu tenho uma preocupação, já não digo
por mim, mas pelos meus filhos e por aqueles que eu quero bem. Eu só divirjo de
V. Exª que seria muito mais prático, mais econômico, muito mais rentável para
este País se fizéssemos uma parada de algumas horas, até durante vários dias,
até para que os trabalhadores possam discutir o assunto. O que adianta greve?
Traz vantagem para quê? Traz a vantagem para este campeonato que existe para as
grandes centrais de trabalhadores. Cada uma delas quer dizer que consegue mais
que a outra. Só por isso. Se pegarem os trabalhadores, dizendo “vamos parar”,
aqui na Câmara, por exemplo, para exemplo, discutir o que se passa neste País,
ganharia a Nação e não seria prejuízo, não ficando casos de trabalhadores, uns
até inibidos, como está acontecendo nesta Casa.
Faço um apelo a V. Exª porque sei
de alguns funcionários da Casa que querem vir trabalhar e que estão sendo
estimulados para que não venham.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: A informação que o
Ver. Wilson Santos lhe passou, Ver. Vicente Dutra, é equivocada.
O Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero dizer que o espaço de V. Exª é
extremamente fértil. Veja que regimentalmente podemos participar de um momento
importante e histórico para dizer que devemos discutir uma série de questões,
sob pena da representatividade. Exercemos uma representação popular, representamos.
Não fizemos a chamada democracia direta. Na medida em que essas corporações,
esses setores da vida nacional não acompanham o movimento social, ficando à
margem, estamos sujeitos a desaparecer como representantes populares. Veja que
devemos discutir as formas de encaminhamento das grandes reivindicações
nacionais. Estamos diante de que greve? De uma greve nacional que tem um
conteúdo de grande protesto nacional contra o arrocho salarial, no que todos
concordamos. Veja que a forma, em dois dias de greve, a forma é eficaz? São
questões que temos de discutir. Não teríamos outros mecanismos, mesmo no
contexto da greve, que atingisse, com eficácia, os interesses maiores da Nação?
Por isso, entendo que as representações parlamentares têm que, num determinado
momento, posicionarem, sob pena do movimento social, representado pelas
corporações, sindicais, outras, passar por cima da representação popular.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado. Não que o
Ver. Leão de Medeiros me corte a palavra. Encerro apenas com uma última
observação, se me permite o Vereador-Presidente dos trabalhos.
Quero dizer que acho que não
é incompetência do sindicato se a greve deu certo ou não, se teve 80, 20% de
participação. Com o desemprego que está aí, com a deflação que está aí, com a
ameaça de se ir para rua, quem vai ter coragem de parar? Essa a nossa questão.
Então não se pode dizer que o sindicato é incompetente, que a CUT é
incompetente, etc., ou a CGT, para fazer greve. É que houve uma ameaça maior
que infelizmente se usou contra grevista: põe na rua. Com o desemprego que aí
está quem vai correr o risco? Essa a observação e agradeço pela atenção. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. CLÓVIS BRUM (Requerimento): Para um
requerimento, Sr. Presidente. Sr. Presidente, nos termos regimentais, requeiro
uma Comissão Externa para que realize visitas, ainda hoje, à Secretaria de
Segurança Pública, centrais de trabalhadores, empresas de transportes
coletivos, notadamente CARRIS e Sopal, a fim de acompanharmos o desenvolvimento
da greve geral.
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Ver. Clóvis
Brum, o deferimento desse Requerimento é de plano pela Mesa, apenas faltando a
requisição por escrito.
Solicito a verificação de
“quorum”.
O SR. MANO JOSÉ (Requerimento): Requeiro que a Câmara
Municipal de Porto Alegre adote os mesmos critérios que a Prefeitura Municipal
de Porto Alegre adotará com seus funcionários no dia de hoje, funcionários
grevistas, como os Vereadores grevistas.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa desconhece o que a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre vai fazei. Se V. Exª souber, deixe
registrado até que fique nos Anais desta Casa.
O SR. MANO JOSÉ: É que como este Vereador tem
observado que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre tem controlado
rigorosamente o ponto dos funcionários grevistas, no dia de hoje, gostaria que
a mesma medida fosse adotada.
O SR. PRESIDENTE: Respondi, ontem, aos
funcionários que me indagaram se seria cortado o ponto ou não, disse que quem
tivesse medo de corte de ponto, melhor vir trabalhar.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada dos Srs.
Vereadores para verificação de “quorum”.)
O SR. PRESIDENTE: Dezesseis Vereadores responderam
à chamada. Não há “quorum”. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 15h35min.)
* * * * *